30 de junho de 2017

Poesia atiça minhas vísceras;
bagunça a ordem da vida;
para que eu poça resumir pelo fim;
toda a complexidade do que é sentir.

Batendo dia após dia dentro de mim;
pulsando o que posso ser e  viver;
expondo tudo o que tenho a dizer.
podendo desconstruir, reconstruir diálogos;
sem ninguém ofender.

Somos seres tão isolados, tão distanciados;
pelo vem e vai do dia a dia;
que nem percebemos que falamos;
da mesma poesia.

Estamos tão dispersos, inversos, diversos;
milhares de olhares;
milhares de palavras nos ares;
deixando nosso corpo em estasia.

5 de junho de 2017

A lagarta Transviada

Num mundo onde todos são lagartas
poucos voam como borboletas.

Me via toda gorda, lenta, enrugada,
cansada de procurar folhas para me alimentar.
Disseram que eu poderia me esconder,
dentro de um casulo.

Que lá, ninguém me atingiria,
todos os dias seriam quentes;
A chuva não molharia meus pés,
nem esfriaria meu corpo.
Não precisaria me desgastar,
nem me entristecer.

A contra partida seria a solidão.

Eu deveria aguentar a solidão
até ela se tornar minha amiga.
Até o silêncio virar canção.
O aperto diluir em conforto
e o tempo em feroz aliado.

Nesse lugar eu estava segura,
até deixar de estar.
Até não caber mais,
não precisar mais me esconder.

É o momento mais difícil,
e também o mais importante

Eu tenho a possibilidade me libertar sozinha,
na solidão
Sem nenhum empurrão,
sem nenhum sopro.

Eu e meu abrigo. Eu e meu esconderijo
Eu e meu poder.  Eu e minha coragem
Eu e meu rompimento, meu corte, minha ruptura

Quando sair mal me reconhecerei,
Repleta de cores e movimento.

Logo me lançarei, livre, pelo ar
olhando para cada folha verde,
cada parte do caminho
cada pedaço de quem já fui

Agradecendo por tudo que fui,
que deixei de ser,
que serei e deixarei de ser.

Poderei voar transviada pela longa jornada