1 de setembro de 2018

Ying & yang

Nesse processo de idas e partidas
conheci irmãos gêmeos
que opostamente
carregaram em meu ventre ensinamentos.
O primeiro a me reconhecer foi
Desamor,
saiu murcho, lacrimejando
em silêncio, do lodo foi brotando
Me fitou, suspirou e me deu um abraço
Um tremor viceral tomou conta de mim
E entre seus nebulosos braços
Expus ao universo, as palavras do meu
Pequeno verso.
Inverso
meu corpo exclamava
ordem e desordem, Loucura da minha sensatez
palavras nunca expressadas por medo da invalidez
A luz do luar fui despida, de fé revestida
E assim encontrei o Amor
Diferente do gêmeo
ele era calor
Veio com um canto materno
Falando que nada é eterno.
Os dois cresceram tão rápido
Amor plantava em todos os vasos da casa
e depois de plantar, brotar, florescer
acabavam os vasos
a extasia se ia,
então Desamor
cuidadosamente escolhia
quem tomaria novos rumos
dando ao irmão espaço e mais húmus.
Um dia Desamor havia rasgado todas as folhas de seu caderno,
num tom pálido
nenhuma letra saltava
ele se mantinha fechado,
inchado
de tanta coisa no peito estar entalado.
Amor, que observava a angustia do irmão
colheu as mais belas folhas
Para encadernar.
Desamor sentiu ao tocar nas folhas já amareladas
o tempo a passar e o transformar
Os dois gêmeos seguem dentro de mim
Quando grito e quando me calo
Perdida equanto me encontro  questionando as minhas certezas
Me enraizando em nuvens.
Ando em tempo de desamor
Desamor me ensina tanto quanto Amor
nessa busca constante
de viver a vida sem perder o bom humor.