tipo miojo
eu crente na verdade
e você nem olha no meu olho
E quando olhou
não me viu
não me viu
me subestimou
pra não ver que você tinha tantos erros quanto eu
Eu errei em te querer
tu errou em abusar do meu querer
E como querer não é poder
nunca te tive
tive só sonhos
ilusões
Você nunca foi real
real só a dor
a falta de amor
Próprio
Próprio de uma menina negra que não sabe o que é
Amor próprio
Só o que sabe é propriedade
sempre privada
privada de soltar o cabelo,
privada de soltar o verbo
privada para esfregar enquanto,
o cabelo, o verbo e o peito
seguem presos.
Privada de soltar as correntes
as algemas do último século
É secular
amar sem ser amada é secular
chorar e não poder cair as lágrimas é secular
desmoronar e se manter forte é secular
andar em círculos na tentativa frustada de esquecer quem amou
É secular
É Secular
E eu rodei,
rodei
rodei
Sem olhar em frente
atravessei
nevoeiro de amor sorrateiro
Amor capitão
Amor engenho
Amor negreiro
Amor sinhá
Que prende, adoece, suga
amor que não liberta
Quantas princesas Isabel hei de amar ?
Quantos capitão do mato falam de amor e não correspondem nos atos?
até encontrar a Firmina que mora em mim
Quanto há de ruir?
até me deparar com a sete saias
a mulher homem
a Caboatá
a que ponto minha dor há de chegar?
Chegará o dia
dia da alforria
dia de ter direito
como livre cidadã
Livre
Cidadã
Mulher negra
Livre
Cidadã
Que luta, que corre, que é livre
Para amar
e ser sã.