6 de dezembro de 2019

Abismo

Eu que tanto quis te dar
de mim pouco sobrou
ficou só o vazio
um buraco
que entre nós se formou

Daria tudo pra preencher
e mesmo que preenchesse
com as partes minhas
em retalhos estaria

Se diferente fosse 
e tu  preenchesse
o nosso abismo
contigo
assim também seria.

Melhor seguir o caminho
e contornar esse abismo 


9 de setembro de 2019

tenho rima, mas não tenho calma

Cidades de asfalto
asfaltam emoções
nesse corre,
         corro riscos
                  rabisco verdades

Não foge da morte
aproveita a viajem
irmãos baforam ilusões

Em poemas busco solução
             sonhos em alusão
         ao futuro,
       sou fruta madura
De cachos em penca
                  despenco falsos profetas,

Professora preta
bruxa de buceta
planto sementes de revolução
                         alimento da alma
tenho rima, mas não tenho calma.

6 de setembro de 2019

MEDO

Na sala vaza, onde ninguém ouvia
confessei e gritei... medo.... eu tenho medo!
Medo do vazio, da insignificância
medo do erro
medo da vida e da morte
de perder meu norte.

Olhando pro escuro, vomito sentimentos
sensação conhecida, temer ser vencida.
Temer a velhice e a solidão
medo da bala perdida e do fuzil na mão
medo do racismo estático e do que está em ação.

Medo do escuro, medo da perda, medo do inseguro
de ser sua presa.
Da tempestade, do raio,
medo de falar a verdade
e por medo me calo.

Medo do tempo, do tapa, da nota ou do tombo
Medo de parto, de não aguentar o fardo
medo de gente fardada, da força armada

Temo a coca, o alcool, a bala e o agronegócio.
Medo da falta de água, de morrer afogada.
Medo de ser mal amada.
Amar de mais dá medo, assim como amar de menos.

É tanto medo que me sobra coragem
Coragem para amar, criar, me doar.
Para doer e depois renascer
Coragem para sentir medo e mesmo assim agir
e mesmo assim com poemas, fazer alguém sorrir.

Calendário

Janeiro teve saber, toque e cheiro
e agora tem fevereiro
março, um mundo até dezembro.
gente que chega para ficar
gente que vai pra nunca mais
o trem de chegada também é o da partida
mas dessa vez é só de ida.
Bettina com a suas ações na bolsa
Eduardo roubando bolsas de Bettinas
Deputados com malote que era merenda do Eduardo
Me responde quem é o culpado?
Eduardo por ser explorado?
Bettina por ser privilegiado?
Ou deputado por ser corrupto e safado?
É tanto causo que da um bom fado
Sigo na contenção, guia no pescoço
Berimbau na mão
De praça em praça
De escola em escola
Sementes da revolução

incerteza do belo

Porque na lógica de Descartes  e Newton
já está enquadrado todas as atômicas partes do que há de mais belo em mim
o ruido, zunido, vibrante das moléculas
formam dentro de mim,
 rios
cachoeiras
e tempestades

Meu ego quer que esse seja um  belo poema
mas existe beleza
dentro
da total incerteza.




Borb obsleta

Madrugada de cama vazia,
peito inflado
tanto sentimento batendo
nada muito claro.
mais um baseado
grito dentro, fora calado
 
Solução estranha
mal sei que gosto tem
dor, desejo e pesadelos
O gosto amargo
de ser quem não sei

É como se eu fosse a lagarta
que entrou no casulo
sem saber que borboleta serei.

muito vazio pra pouco espaço
muito dizer pra pouco rebolado
to vivendo cada dia.
sei que não estou na melhor fase
estou dentro do casulo,
querendo ser lagarta
e borboleta.

A única coisa que não quero
é ficar pra sempre nessa casca
obsoleta.