Frases de um RACISTA

São todos filhos da PUTA
porque ......
são todos filhos da PUTA

Uma PUTA suja, burra, feia
PUTA gorda, nojenta, fedida.

Suada de tanto andar pra cima e
pra
       baixo
cheias de sacola.

Cabelo teimosamente domado
colado na cabeça,
morto
para não estar ali
alisado

ao lado
um monte de ranhentos
sedentos por
dignidade.

Rindo em meio a tristeza
imaginando uma realidade
NÃO DESIGUAL!

Com pés escuros e grossos
andavam
por vielas perigosas e desafiadoras
e mesmo com medo
iam,
imaginando
um mundo
onde fosse fácil
aprender, entender,
sobreviver

E aquela PUTA preta,
gorda e bem servida
gostosa
                 .....pra caralho
eu desprezadamente a
Queria!!
e aquela vadia NÃO!

Impaciente com a Resiliência
daqueles filhos da PUTA
não aguentei
aquela
sincera
rejeição.

Eu peguei logo o que era "meu"
aquela PUTA não Podia
me julgar
e Rejeitar
logo eu,
bem? vestido, adequado,
estudado, viajado
advogado
tomei o que era meu por (direito?)

E a PUTA mesmo rendida,
despida
NÃO estava abatida

ela me olhou,
profundamente
silenciosamente.

Vagabunda saiu,
ninguém ouviu
ela seguiu, sumiu
pariu, conseguiu,
da força interior se nutriu

As sementes redondas
pretas,
com dobras nas coxas
foram dia
após
dia
crescendo
 florindo

Amou, Mamou,  Brincou, Experimentou, Estudou,

Fez a preta velha chorar
de Alegria
naquele sonhado dia
que saiu com o canudo
da Academia.

E para o mundo
se Abriu
num propósito
GentiL
dE crescer
Escurecer
Esclarecer
Enegrecer
Elucidar
               nosso verdadeiro caminhar

Espécie humana,
desumana
que  NÃO sabe respeitar

E Enche a Boca para falar
Frases como:

"Não tem que empregar eles
SÃO TODOS FILHOS DA PUTA!" .

Palavras de uma natália passada para as que virão

A verdade é que sozinha tenho medo,
quando estou com alguém tenho medo,
a vida me dá medo, de arriscar,
me entregar, vivenciar com toda minha alma.

Temo dar ela para alguém,
temos não dar nada a ninguém,
e seguir,
sem certezas, sem segurança,

Cômico não ?!
A menina tem medo de tudo,
e continua vivendo.

Há tantas coisas que passam por dentro de mim,
como se eu fosse a parede e o sprai,
só não sou tinta,
pois ela é todo o sentimento que me banha,
que me arranca do neutro,
do seguro.

Fico feliz em perceber que estou toda pixada,
cheias de grafiti,
tags e frases loucas ou empactantes.

Posso ser prédio, posso ser fixador,
Posso ser até o amor no peito do escritor.

Hoje será eu e eu!
Vamos menina, não tema,
essa vibração é sensação de liberdade,
só tu pode lhe dar isso!

Se jogue para o mundo
sem mãos dadas, sem ninguém ao teu lado,
Vá fazer o que quer, corra com os lobos,
Mas cuidado, se ame e se cuide acima de tudo.

E não se feche, estar consigo não não é solidão,
é sim atitude, solitude, sorriso,
Encare  a vida, não fique atras de migalhas, mirradas.

Você é muito mas que imagina,
muito mais forte e corajosa,
leve a vida com leveza.

Sobre estar na regional

Poesia
é muito mais que pow pow
poesia é lagrimas
riso, é alma em pranto
é raiva em forma de letra
dando soco linha a baixo

Poesia é segredo, é revelação
é contradição
é subir pra baixo e
descer pra cima.

Estou nessa por amor,
por necessitar de um espaço
para minha alma falar
sem que ninguém censure
ninguém corrija
ninguém julgue

Desculpem acabar com a festa
assim tão cedo
mas os pontos de vocês
não me definem.
O grito e o silêncio de vocês
não me define.

Quem me define é minha própria voz
meu próprio silencio
meu alvoroço ao libertar
vísceras expostas em um blog secreto

Poesia é mais que slam, mais que point line
mais que pow pow pow
ou thunthunthuntha

Poesia é minha alma em forma de letras ordenadas
que falam muito sobre toda a minha bagunça.

Decidi, ta decidido
não vim pro slam ganhar
vim falar,abrir meu peito
porque essa peleia ainda não ta ganha
quantas manas pretas serão ouvidas nessa regional medonha?

Decidi, não vim pra competir
vim compartilhar, somar
construir
baixei minha guarda e me abri

Hoje declamo, por amor
porque acredito que na vida a muitas formas de ser um vencedor

Como eu ja explanei
não vim pra competi,
vim experimentar, alinhar
vim me fortalecer e reclamar
porque tem tanta gente aqui
e tão pouca mina preta a falar ?

Pelo leite que os brancos beberam

e pelo sangue derramado rio a baixo
Vim falar por todos que lutaram

Realidade é a palavra que mais passa pela minha mente
o que pra muitos nunca foi visto
no condomínio de luxo
rapidinho vira lixo

Podemos pensar
Real Idade
REALIDADE
Qual é a idade certa para descobrir que sua mãe apanha do marido até cair ?
Afinal o que é real ?
gastar 300 contos na balada
ou tomar atraque gratuito do policial ?

Quando soube do estupro coletivo eu gritei
não pode ser real ?

e era ! bem real, totalmente
 palpável,
foi como ficou o corpo dela depois de 60 mãos pegajosas
e todo mundo falando da roupa, da hora, da rua
mas e quem quis saber qual era a real idade daquela garota corajosa?

Uns acharam que ela tinha idade suficiente para virar objeto
Outros que não tinha idade pra sair na rua , assim sem ninguém por perto

Que realidade.
Umas catando latinha
outras tomando clericot com as amiguinhas

Se me perguntarem o que é real
vou mandar a real
que na real ninguém pode diferencia o real
e quanto mais real no bolso tiver
menos vai entender do que tem valor real
porque a coroa não faz meu sangue real
mas meu sangue é ideia
veia
corpo
 matéria
que veio até aqui
olhar nos olhos
soltar a voz
falar que tive vez
mas que eu quero ver
na próxima vez
muitas pretas chegarem na regional

e expressarem o que sentem
pra ensinar esse montão de gente
que não entende que mana preta
é descendência real.

PPK

Ela,
a xoxota,
que mesmo sem ouvidos,
muita falação escutou.

sim!
Ela mesma,
que não podia se ouriçar,
coçar,
nem acariciar.

Bem pretinha e quente,
foi desde cedo,
independente.
Porque,
se dependesse dos outros,
ficaria sem,
uma boa boca.

Sem essa de sirica,
ser pecado,
quando posso,
corro logo pro abraço,
e vou me namorar.

Pobre perereca,
aprendeu que só depilada,
era bela , e lá foi
se depilar.
Grande cilada!

Sofreu transição pentelhar,
colocou o black pro alto,
viu-se natural,
e saiu a pererecar.

Com ela não tem essa de...
 encenar.
Se a coisa não ta inteira,
verdadeira,
ela seca e poem-se a reinar.

O fálico,
não à define.

Vagina é um ser encantado,
de onde escorrem,
rios e realidades,
que só uma boceta poderia falar.

pra que mais teríamos tantos lábios,
senão para na Terra,
gozar e profanar ?

Quando pequena minha mãe me ensinou
"filha há pessoas pretas bonitas e pessoas pretas feias
"há pessoas brancas bonitas e pessoas brancas feias"

Pois bem cá estou eu
morena, mulata, escurinha,
café com leite, chocolate, Thais Araujo,
Sheron Meneses.

Tudo que eu já ouvi ainda está qui
ressoando dentro de mim
cada vez que eles repetem esses
"ELOGIOS"

Ta na hora de escurecer essa porra
cadê minhas manas pretas ?
cade as pretas que não são minhas manas.
A rua é noiz, mas nós não estamos aqui

Estamos lá na ecoville,
fazendo ecofaxinas, ,sendo ecomucamas
em ecojantatres

E aqui a gente falando de feminismo
O mais branco e lúcido feminismo

"ver uma branca sangrar é que me chocou
a gente sabe que na vila isso é todo dia"
30 mulheres brancas ouvindo essa frase com suas falsas empatias,
que vadias
a minha carne continua sendo a mais barata e vocês  acreditando ser intocadas
coitadas

Vamos escurecer essa porra
e cutucar algumas feridas rosadas


Vocês querem nosso "bronzeado"
nosso negão do lado
até quem sabe um baby lis
para imitar meu cabelo cacheado

Mas falar com a amiguinha
que chama as preta de vadia
que acham que festa boa é
festa com som de preto e
cheia de caucaneano
pagando uma de mano
aaaaah
ai vocês ficam caladinhas

Eu quero respeito, não medo
não vou ficar de cara fechada, pose de marrenta
de quebrada, pesada
só para tua boca não profanar esse pensamento racista

Agora você que na pele falta melanina
mas no peito há muito respeito
eu te respondo
sou sim a preta de amigas brancas

pois quando se nasce onde não há negros
ou seus amigos são brancos
ou são imaginários

E não ache que não houve momentos
em que o imaginário era meu único acalento
mas foi com meu sorriso que impus respeito

Cresci, desabrochei
flor de muitas cores e sabores
mulher negra, feminista, angoleira

E essa porra tem que escurecer,
quero que as brancas saibam

que não somos mais mucamas,
não somos barraqueiras, mulambentas
somos sim a resistência

que dentro do sofrimento
tiramos o sustento para erguer o black
e colorir os beiços

que de ama de leite
viramos damas
e possuímos no peito
capacidade de nutrir de amor e respeito
a faminta fé do povo brasileiro

Somos filhas de maria do camboatá
herdeiras de Iansã guerreira

Continuem sem entender
mas logo logo
essa porra vai escurecer.

Se eu fosse Deus

Se eu fosse Deus;
não ia  ser humano;
seria talvez um rio;
o oceano.

Se eu fosse Deus;
não ia ser humano;
iria voar com as nuvens;
me fixar nas montanhas;
levitar como os sopranos.

Viraria arco-iris;
ou uma canção.
Cairia como cachoeira;
explodiria num vulcão.

Se eu fosse Deus;
não ia ser humano;
eles vivem tristes;
resmungando pelos cantos.

Não mataria;
nem tiraria doce de criança;
me transformaria em por do sol;
para amanhecer esperança.

Se eu fosse Deus;
não deixaria que me chamassem de Deus;
quero ser chamada de mata;
para viver diferente dos seus.

Mata, sangue, vagina
Se eu fosse Deus.

Rio vivou esgoto;
mata caída;
moída,queimada;
asfalto pegando fogo;
e um bando de bicho sem casa.

Não estou falando dos pássaros;
ou dos peixes afogados ;
na água;
falo de nós ;
humanos civilizados ;
que com ego;
e sem alma;
deixamos tudo retalhado.

Dentro do ônibus sinto cheiro de carniça;
das mentes apodrecidas;
e corações estraçalhados.

Vejo olhos julgando as subespécies;
do submundo construído;
com os horrores;
do subconsciente.

Porque não estão lúcidos;
mergulhado na lama;
está a consciência;
ou vai me dizer que não existe entardecer
porque não calculamos nessa tal ciência?

Deixe transparecer;
toda tua selvageria;
nela pode adormecer a verdadeira sabedoria.

Sem conhecimento de física ou geometria ;
aquela velha senhora;
a vida!

Mostra que há muito;
muito mais;
do que pensa a insana;
meritocracia.

As palavras parecem pequenas
comparado com o tremor que sinto
nem tudo consigo dizer
 mas pode ficar certo que não minto

Não sei no que isso vai dar
vou pagar pra ver
o preço é caro
meu lábios, meus cachos
tudo entregue nos teus  braços
isso porque nem falei do meu coração
isso mesmo, ele que é uma criança
cheio de amor e esperança

está aberto, exposto
louco para entrar nessa balada
mas vamos devagarinho
gostando miudinho
demostrando meu carinho
torcendo pra não ser uma cilada

De longe sinto seu cheiro
e me perco no mel do seus olhos
eu bem loca fico
quando te tenho no chuveiro

O que eu faço agora ?
encaro os riscos
ou caio fora ?
O coração está exposto
teu peito no meu rosto

Ouço ele me dizer:
" tu tu" "tu tu"
nele vou acreditar
e com teu ardente corpo
esse sentimento
quero experimentar

Não vai dar tempo

Dentro de mim mora um motor
velho e desordenado ele está sempre atrasado
vive numa parte que não sabe as horas
quanto tempo falta, nem quanto tempo durará

A única coisa que esse velho decrépito sabe é que esta ATRASADO
engessado na numa cadeira de balanço
olhando a vida a passar
sem ação, só sensação
estou atrasado!

deserdado, enlhiado, apressado, atazanado
ATRASADO

não dá tempo, não da tempo não da tempo
não da tempo de viver a vida
filas e mais filas e mais filas
linhas e mais linhas e mais linhas

pegue sua agenda e comece a anotar
isso é pro seu futuro
você vai ter que aguentar
Calado Calado Calado

Não quer enlouquecer ?
então fuga em passeio noturnos
viaje em livros de poesia
Sue no samba e na capoeira
conecte-se com a sua selvageria

Nem mesmo esse velho decrépito
incrédulo, angustiado
e inquieto
combate o florescer no peito
dessa semente resistente
do ardente pensamento

Solte seus cabelos crespos

Hoje vi nas lágrimas de uma menina,
todos os meus choros,
todos os socos dados,
e o murros levados.

Vi nas lágrimas de uma menina,
minhas incertezas,
minha auto descrença.

Vi o enrolar de vidas,
uma após a outra,
pingando pelo caminho,
salgadas lembranças.

Na elasticidade da chiquinha,
no encarceramento do gel,
nos finos lábios rosados,
minhas entravas.

Cortei o mal,
mas não pela raiz,
nem só aqueles 2 dedos,
cortei o mal do desamor,
" Até o pescoço por favor!"

Um novo ser,
com o mesmo rosto,
afrontando  decibéis,
FODA-SE O VOLUME!

Naquele dia eu chorei,
e choro ainda,
toda vez que vejo nos olhos de uma menina,

O topo de árvore,  o bom brio,
a neguinha do pastoreio,
que me obrigaram a ser um dia.

Todos querem sexo
sentir  arrepios
virar os olhos e gritar
poder libertar seus medos,
seus monstros,
suas lágrimas.

Todos querem sentir
no calor de outro corpo
o combustível para sua própria chama.
Vendo no reflexo dos olhos
o que escondem ate na cama.

O que muitos não sabem
 é que nunca foi só sexo.
É  bruxaria,  magia, mandinga,
entrelaço de pernas, mãos e almas.

Não trate meu ventre como troféu,
você não conseguiu perceber
que ao me ter,
 ali,
nua
você não só tirou o véu.
Viu que dentro de mim
há um universo inteiro.

Eu não sou só prazer,
vou te dar trabalho também
terá que entender alguns dos mistérios

Das lágrimas que não saíram, mas te fitaram
dos toques leves que nos excitaram

Aproveite que não sou santa
sou sim,
mandiguera, preta de quebrada
que rebola, provoca e encanta.

Com os dedos nos meus cachos
tu descobre mais sobre nossos corpos
e sem essa de quem conduz é o macho

Eu não sou só prazer,
vou te dar trabalho também
terá que entender alguns dos mistérios

Terá que desvendar, aninhar,
Beijar, viver,
Rir, lamber,

Desfrutar do saber e do sabor
das minhas curvas;
pois esse é o destino

Teus lábios,
Teu peito
Teu caminho.
Voraz e pelado
Sagaz e desarmado

Ouvindo o segredo
que a batida do meu coração sussurrou.

Da planta busco a flor
para deixar em mim a marca
 do que é poder florescer
mudando e amadurecendo

Há mais dentro de mim
do que se possa colocar em um rio
E assim meio sem raiz
sigo seu leito

Levando dentro do peito
a certeza e o anseio
Por terrar ferteis, lamas criadoras
para que eu possa crescer e
me fortalecer.

Hoje não vou embelezar as palavras que passam pela minha mente
meu corpo tem tanto para me dizer
sobre quem realmente sou
sou, realmente
porque o meu corpo
não tem como mentir

Ele ta dentro de mim
a pele que habita
a pele que habito
eu estou dentro do corpo

Ah! poesias pela cabeça
incapaz de reproduzir
com os dedos disléxicos
 o que o meu peito grita sentir

Na boca do estomago
um entrelaço se formou
quando me deparei com a pergunta:
quem eu sou ?

Posso dizer que sou o resto daquilo que não sou
mais fácil descobrir quem não sou, o resto
serei eu resto sou

um resto daquilo que eu não rejeitei,
Mandaram eu rejeitar.
eu desacatei

Não sou Descartes nem Newton
fecho meu olhos e tento
ler esse mapa de sensações
cósmicas
o corpo labirinto, com portais
num jogo de reviravoltas
sem lógicas

Não sou mais sua ama de leite,
você não é mais o meu sinhô
então chega dessas cenas machistas
De dizer como e para onde vou.

Não sou silêncio nem higienização
gosto mesmo é do batuque
a negrada na roda
e meu berimbau na mão

Não sou Barbie nem Suzi
tenho sim meu cabelo duro
e não tem Boy
seja ele preto ou branco
que consiga diminuir meu orgulho

Não sou mais a estranha fora do ninho
sou sim,
cisne no rolê dos patinhos
orgulhosa de ser resto,

Sou resto negra sim
de tudo aquilo que vocês temiam
não sabiam e
decidiram por fim

Hoje é dia de verdade
dia de olhar para dentro
olhar o espelho do luar
e reparar em todos os detalhes
toda a fragilidade
e as fortalezas
que existem dentro do meu olhar.

Hoje é dia de lua cheia
dia de uivar no meio da rua
de fazer bruxaria
dia de nudez
expondo o mais secreto ser
das mais salgadas lágrimas
ao mais voraz viver.

Hoje é dia para ser espinho e flor,
peixe e anzol
criador e criatura
luar e escuridão

Hoje é dia da verdade

Me disseram que o amor é eterno,
que ele muda
muta-se
mas não finita-se
Se algo te faz sentir menor
não pode ser chamado de amor
amor é a ponte, o elevador
é a clareira
da fogueira
 que você apenas contempla
 sem nada entender
o resto não é amor
aquilo que já foi feito e dito,
repetido e nunca infinito
não é amor
é tudo menor esse ardor
pode até ser um tipo de dor,
daquelas escolhidas a dedo,
com ou sem rancor
mas nada disso é amor
amor é outra coisa.

Os poetas não duvidam

Há muitas coisas entre o céu e a terra
Que até os santos duvidam
Coisas que nos fazem esmaecer
Criar palavras
No amago de entender
Aqueles que tremem no brio
E molham as lágrimas;
as vaginas e as almas

O que te faz querer alguém
Algum lugar,
Ou sensação de estar
É uma grande confusão
Ou talvez invenção
Talvez o grande Alto Castelo
Esteja agora
Objetificado, concretizado, exemplificado
Não é tristeza, nem qualquer tipo de incompetência
É na verdade uma vontade de sentir amada,
Inconscientemente
Dentro dessa grande carência
Que combato e desacato diariamente
Pois creio que sozinha
Serei minha estrela cadente.

Verdades do viver

Não podemos deixar de perceber,
quando estamos diante
do lume do nosso ser.

São coisas pequeninas
diluídas na rotina. 

Quando trombamos com elas,
virando as muitas esquinas.
é esse xoque
esse afronte

te deixam de fronte.

vai menina  enfrente, de frente 

dome essa serpente
e se possibilite serpentear
deslizar, desligar, religar
há muitas coisas no mundo

capazes de nos libertar.

Poesia atiça minhas vísceras;
bagunça a ordem da vida;
para que eu poça resumir pelo fim;
toda a complexidade do que é sentir.

Batendo dia após dia dentro de mim;
pulsando o que posso ser e  viver;
expondo tudo o que tenho a dizer.
podendo desconstruir, reconstruir diálogos;
sem ninguém ofender.

Somos seres tão isolados, tão distanciados;
pelo vem e vai do dia a dia;
que nem percebemos que falamos;
da mesma poesia.

Estamos tão dispersos, inversos, diversos;
milhares de olhares;
milhares de palavras nos ares;
deixando nosso corpo em estasia.

A lagarta Transviada

Num mundo onde todos são lagartas
poucos voam como borboletas.

Me via toda gorda, lenta, enrugada,
cansada de procurar folhas para me alimentar.
Disseram que eu poderia me esconder,
dentro de um casulo.

Que lá, ninguém me atingiria,
todos os dias seriam quentes;
A chuva não molharia meus pés,
nem esfriaria meu corpo.
Não precisaria me desgastar,
nem me entristecer.

A contra partida seria a solidão.

Eu deveria aguentar a solidão
até ela se tornar minha amiga.
Até o silêncio virar canção.
O aperto diluir em conforto
e o tempo em feroz aliado.

Nesse lugar eu estava segura,
até deixar de estar.
Até não caber mais,
não precisar mais me esconder.

É o momento mais difícil,
e também o mais importante

Eu tenho a possibilidade me libertar sozinha,
na solidão
Sem nenhum empurrão,
sem nenhum sopro.

Eu e meu abrigo. Eu e meu esconderijo
Eu e meu poder.  Eu e minha coragem
Eu e meu rompimento, meu corte, minha ruptura

Quando sair mal me reconhecerei,
Repleta de cores e movimento.

Logo me lançarei, livre, pelo ar
olhando para cada folha verde,
cada parte do caminho
cada pedaço de quem já fui

Agradecendo por tudo que fui,
que deixei de ser,
que serei e deixarei de ser.

Poderei voar transviada pela longa jornada

A mina do busão da meia noite passada

Meia noite passada,
uma parada de ônibus a meia luz,
Ao fundo a imagem do ônibus se aproxima
é quase um sinal dos deuses....

Mas repare bem,
todos homens, encapuzados,
muitos cansados, alguns drogados
E outros até assustados.

Um cobrador parceiro e um motorista prudente.
Afinal o que há de tão estranho ?

Passada da meia noite, eu no fundo do ônibus,
como faço sempre,
mas repare bem....

Você é única, sozinha, a merce de um possível complô;
o acordo entre todos, todos menos eu
A única mulher do ônibus que passa após os sinos tocarem.

Depois da abóbora voltar, do sapato cair, lá estou eu.
A princesa solitária que mandou o príncipe a merda,
e decidiu voltar sozinha pra casa,
depois do sino dar o toque de recolher.

Dane-se o sino, os capuzes, os olhos curiosos,
Eu sou a mina do busão,
com um guarda-chuva numa mão,
a soqueira na outra e
dois olhos fuzilantes.
Nem tente me amedrontar,
pois posso fazer você chorar

Tudo ou Nada

Em poucas palavras decido meu fim;
Não ou Sim
Zero ao Dez

Do começo ao fim em poucos segundos.
Do fim ao recomeço pelo tempo que me restar.

Até eu chegar ao novo começo, ou novo fim,
recomeço todo dia essa contagem.
Hoje estou completamente desorientada,
dentro dessa orientação torpe que criei,
para um dia conseguir compreender meu futuro.

De zero a dez, dois é o que me falta para ser alguém melhor,
mais confiante quanto quem eu sou.

Nada digo àqueles que nada vem em mim;
além de um par de coxas capazes de entrelaçarem.

Prefiro conversar com a escuridão da noite e o raiar do dia.

Quem não arrisca não petisca

Quando nos propomos a coisas novas
temos que encarar o fato que elas fugirão do nosso controle
pois com o vendaval de novidades varre a estabilidade, a certeza.

É como se antes de cantar a canção,
tivéssemos a chance de conhecer a letra, os instrumentos
numa fase teste, onde mais facilmente reparamos os excessos.

Eu escolhi esperar, sentir o cheiro do café da manhã, o som dos pássaros
para entender melhor que palavras serão ditas ao longo da canção

Quem não arrisca, não petisca

O que é o sapato vermelho ?

É preciso questionar-se todo tipo de coisa.
É preciso parar e escutar,
tentar encontrar aqui dentro cada resposta.

Temo assumir que me desconheço,
não sei dizer o que realmente quero, agora.
Não é fácil explicar o que anda acontecendo com a minha mente,
sei dos meus compromissos e das prioridades oficiais da vida.

Mas essa carruagem dourada que aguardo,
Sei que vivará abóbora, e mesmo assim a espero
pior que isso, a desejo, a planejo e anseio.

Nada é por acaso,
os relacionamentos, os pensamentos e as conjecturas.

Não deveria carregar no peito, esse sentimento, de sobrevivente.
Porém, infelizmente, é assim que me vejo.
É como se a labareda dentro de mim estivesse quase só fumaça,
e eu aqui nessa canoa, sem saber para que lado remar.

Vô congo diz pra eu não me preocupar.
Mas como devo encarar esse mundão ?
Como me posicionar perante todas essas vozes dentro da cabeça?
Quem sou eu ?
Quem é meu ego? Como diferenciar ?

São tantas perguntas novas, que estou sem respostas.

Lopes

Lendo um livro vejo, descrito, loucuras que passam à mente;
violentamente leio o que há dentro de mim;
uma falsa segurança de quem sou, de como reajo.

Algo novo que sei como reagir ?
Para quem estou querendo mentir ?
Traço meu viver para que;
mesmo quando houver luta e euforia,
ou apenas o "dia-a-dia" eu tenha o controle da situação.

Acho que é por isso que gosto da madrugada
a cidade supostamente iluminada e imóvel;
carrega a sombra capaz de tirar minha visão;
forçando minha consciência a entender seus outros sentidos;
situações surgindo como relâmpagos
e eu tendo que me virar;


Certezas de quem sou, do caminho a seguir
sou andarilho dessa noite;
me reviro e sobrevivo a cada beco
em busca do raiar do dia.

Depois de tanto tempo sem escrever;
é como se tivesse secado algo dentro de mim;
talvez o poder de sentir e descrever;
colorindo e misturando sensações;
na ânsia de tentar entender o porquê
de nascer nesse mundo, de pendurar-me para viver.
É como se vivêssemos pendurados em cipós;
sempre em movimento......
sem entender o balanço da mata. Adiante
Mataram nossas matas, nossas águas e querem nossos ventres;
nos dizem que somos frutos de pecados, capitalizados, sexualizados.
conduzem nossos desejos, nossos planos.
E ninguém vai aparecer no jornal e dizer:
"Prezados telespectadores, nós estamos errando, vamos recomeçar "
Foi dada a largada, ela não volta mais;
eu ainda estou passando de cipó em cipó, tentando escolher, entender, aprender
como é viver em meio a selvageria do sistema.