11 de junho de 2018

Enquanto houver muros

Nos muros gritou-se silêncio,
que dia e noite
tomou corpo,
forma e cor.

Sentimentos lambidos,
em viadutos e apartamentos.
Expondo ali medos,
e o violento policiamento.

Enquanto houver muros
rodarei minha saia
com os ventos encanados pelos becos  e vielas.
Bará abençoou meu caminhar,
Iansã me botou a girar,
gira de orixá na bagagem,
capuz, grude e coragem,
cores, latas e pixos.

As paredes soam diários,
nessa cidade de poucas verdades,
se o souberes ler,
segredos, sagrados,
lhe serão revelados.
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