90 dias sem o abraço dos meus amigos
90 dias sem beijar minhas sobrinhas
90 dias sem unir as mãos e gritar
Ieeee camaradinha
90 dias sem unir as mãos e gritar
Ieeee camaradinha
Sinto o tempo passar entre os dedos
entre máscaras e álcool gel.
Sinto vidas se esvaindo entre os dedos
Sinto vidas se esvaindo entre os dedos
são jovens negros
com medo da morte
com medo da morte
da fome
do vírus
e do fronte.
Minha mente não sabe pra onde ir
por mais que eu queria o presente
sentir o presente, vive-lo
da forma mais ancestral
por mais que eu queria o presente
sentir o presente, vive-lo
da forma mais ancestral
com direito a meditação
banhos de erva e boa alimentação
banhos de erva e boa alimentação
são os boletos, o aluguel e essa pressão
que assolam minha mente
confinada em 30 metros de paredes.
Os dias passando, as folhas caindo
março, abril...
saudades batendo, o peito se abrindo
saudades batendo, o peito se abrindo
junho, julho....
boletos chegando e o emprego se indo
agosto, setembro....
Tento lembrar o cheiro da rua
o vento na cara enquanto ando de bike
o vento na cara enquanto ando de bike
e nada disso eu lembro
mas falta pouco pra setembro
90 dias e esse misto
pressão sobre nossos corpos
dores esvaziadas em copos
me controlo
não posso ser mais um corpo negro alcoólico
eu oro
eu choro
não posso ser mais um corpo negro alcoólico
eu oro
eu choro
mas não paro
90 dias e um poema de amparo
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